Para
evitar uma nova gravidez não planejada em adolescentes de 14 a 19 anos de
idade, o governo de Rondônia dará início, no próximo dia 3, ao Projeto Implanon
(Implante Contraceptivo Subdérmico), que consiste na implantação, de forma
gratuita, de um anticoncepcional reversível de longa duração em adolescentes
pós-parto. Conforme a médica Conceição Simões, supervisora de Residência Médica
Ginecológica e Obstetrícia, a princípio o método será utilizado nas
adolescentes atendidas na maternidade do Hospital de Base Ary Pinheiro, de
Porto Velho, mas a expectativa é que logo se expanda para outros municípios
onde é grande o índice de gravidez nessa faixa etária. O lançamento do projeto
aconteceu nesta quinta-feira (28).
O
Implanon, que no mercado custa mais de R$ 1 mil, possui cerca de quatro
centímetros e de rápida inserção (30 segundos), e atua bloqueando a ovulação e
fecundação dos espermatozoides por cerca de três anos. O implante é feito na
área subdérmica, entre 8 a 10 centímetros da região do cotovelo, tem efeitos
adversos e um período de adaptação de seis meses. Ao ser retirado, o retorno da
fertilidade é imediato, em 48 horas.
Segundo
estudos, desde 1970 tem aumentado os casos de gravidez na adolescência e
diminuído a idade das adolescentes grávidas. A gravidez
ocorre geralmente entre a 1ª e a 5ª relação sexual, sendo o parto normal a
principal causa de internação no Sistema Único de Saúde (SUS), entre 10 e 14
anos. No Brasil, são 600 mil partos de adolescentes com idade menor a 19 anos.
A região Norte detém o maior percentual (23,2) e o Sudeste o menor (15,2%).
Sobre Porto
Velho, Conceição Simões citou estudo (Almeida, 2016) que mostra que de 2006 a
2013, dos 63.311 partos realizados, pelo menos 14.547 foram de mães
adolescentes, de 10 a 19 anos, uma média de 1.818 por ano. O levantamento foi
feito em três Unidades de Ponto-Atendimento (UPAs), quatro Unidades Básicas de
Saúde (UBSs), quatro hospitais públicos e nove hospitais privados.
Conceição
explicou que o implante será realizado pelos médicos que fazem residência em
ginecologia e obstetrícia, supervisionados por médicos preceptores que
participaram recentemente de um treinamento na Universidade de Campinas (SP).
Ao todo são 17 residentes do HB e 12 da Maternidade Municipal Mãe Esperança,
que participarão da iniciativa nesta primeira fase, beneficiando 500 jovens,
que ainda poderão optar, caso considerem mais conveniente, pelo Dispositivo
intrauterino (DIU). “Iremos disponibilizar os dois métodos”, observou,
adiantando que para que seja realizado o implante, é necessária a assinatura de
um termo de consentimento pela adolescente maior de 18 anos ou pelo responsável
legal.
A médica
destacou a importância deste novo método por ter longa duração, o que evitará
complicações mais sérias para as jovens na tenra idade, que incluem, além da
gravidez não planejada, deficiência nutricional, anemia, aborto, partos prematuros,
pré-eclâmpsia e eclampsia, hipertensão, depressão, má formação e até
mortalidade, uma vez que o corpo não está preparado. O projeto ainda representa
economia para o sistema de saúde pública, com internações; e a própria família
da adolescente. “Essas jovens precisam ter atenção desde a escola, pois muitas
vezes em casa a família se fecha, não existe uma conversa franca, e a gravidez
acaba acontecendo precocemente e desestruturada”, disse Conceição.
O projeto para o HB foi desenvolvido pela ginecologista
e obstetrícia Ida Perea e recebeu apoio do secretário estadual da Saúde,
Williames Pimentel, preocupado com o número de adolescentes grávidas em
Rondônia, em especial na capital.