Chegada do barco hospital
representa alegria para as comunidades carentes de serviços sociais e
assistência médica
Inaugurada
em 16 de agosto de 2016, em ato festivo em Guajará-Mirim, contando também com a
participação de bolivianos, a Unidade de Saúde Fluvial Walter Bártolo, o Barco
Hospital, completa um ano de funcionamento na quarta-feira, dia 16, com a
somatória de 7.539 atendimentos e 44.150 procedimentos realizados em cinco
viagens a 19 comunidades localizadas às margens dos rios Mamoré e Guaporé, de
Guajará-Mirim ao distrito de Pimenteiras, cuja população é estimada em 7.579
habitantes. Isso significa que apenas 40 moradores da região percorrida não
necessitaram dos serviços ofertados pelo governo de Rondônia na unidade fluvial
gerenciada pela Secretaria de Estado da Assistência e do Desenvolvimento Social
(Seas). Todos os trâmites para execução do barco foram de responsabilidade da
Casa Militar do governo.
Com um
custo estimado em R$ 500 mil por viagem, o Barco Hospital é a concretização do
sonho do governador Confúcio Moura de superar desafios e levar assistência
médica e social a todos os rondonienses, em especial moradores de comunidades
longínquas e de difícil acesso, promovendo a inclusão social em todas as áreas.
Na
unidade fluvial, conforme destacou a coordenadora Alessandra Maria Costa
Conceição, são oferecidos atendimentos médico, odontológicos, vacinação, exames
laboratoriais, incluindo o preventivo de câncer, dispensação de medicamentos,
controle do diabetes e hipertensão, bem como, serviços sociais com o programa
justiça Rápida do Tribunal de Justiça, com a emissão de documentos pessoais, 2ª
via das certidões de nascimento e casamento, além da carteira Passe Livre, que
garante gratuidade no transporte de idosos a partir dos 60 anos de idade.
Ribeirinho sorri com mais
naturalidade e feliz após restauração e reposição dos dentes
Entre os
serviços que mais se destacam, segundo a coordenadora, está o atendimento
odontológico, por elevar a autoestima de muitas pessoas com a transformação dos
sorrisos após a restauração ou reposição dos dentes. “Não encontramos doenças
graves nessas viagens. Os problemas de saúde ocorrem mais em decorrência da
falta de higiene, água potável e a umidade”, disse Alessandra, completando que
em todas as viagens é feito o pedido para que essa assistência não pare.
“Estou
agradecido e alegre pelo serviço recebido”, disse o estudante Abimael Beltrame,
de Pimenteiras.
Já o
aposentado Antônio Rodrigues observou que “tudo é de primeiro mundo”, se
referindo aos serviços e ao barco que é dotado de toda estrutura física e
tecnológica necessária para o atendimento de qualidade.
“Na
primeira vez que fui fazer a carteira de identidade demorou um ano para
receber. Agora, com um mês, ela já está em minhas mãos”, afirmou o professor
Erivaldo Santos.
Para o
agente indígena, Nelson Oro Nao, o barco é importante pelos serviços oferecidos
e pelo fato de ser na porta da comunidade, e tudo gratuitamente. “Isso é uma
grande vantagem para todos que moramos distante das cidades”, ponderou.
Alessandra
observou, que quando o morador não pode se dirigir à beira do rio, a equipe vai
buscar em casa. E citou como exemplo o policial militar Fágner Saraiva, da
Casa Militar, que na terceira viagem do barco, carregou nos braços a indígena
Isabel Canoé, de 90 anos, da Etnia Wajuru, descendo um barranco de mais de 50
metros de altura na margem do rio Guaporé, na comunidade de Baía das
Onças, para receber atendimento. “São casos como este que estimulam a equipe a
ir mais além para levar o apoio do governo do estado a essas comunidades,
conforme orientação do próprio governador”.
Durante a
inauguração, ao falar sobre as dificuldades enfrentadas por estas comunidades,
incluindo as bolivianas, o governador Confúcio destacou os obstáculos
burocráticos para ampliar os serviços da embarcação, mas deixou claro que isto
não impediria o avanço do atendimento. “Os dois povos sempre tiveram relações
amistosas e atuaram de forma harmônica. Não será a burocracia que impedirá o
cumprimento de todo projeto que fizemos”, reforçou.
A equipe
é composta por 40 pessoas, sendo 12 profissionais de saúde, entre médicos,
enfermeiros, biomédicos, farmacêuticos, técnicos, entre outros; dois técnicos
do Instituto de Identificação, dois assistentes sociais, dois dentistas, três
militares, a coordenação, tripulantes e pessoal de apoio. Todos dormem nos
alojamentos do barco, onde também é preparada a alimentação.
Policial Fágner levou a índia
Isabel Canoé nos braços até o barco
Devido
aos ciclos dos rios, o atendimento foi divido em dois polos, seguindo um
cronograma. No primeiro polo, quando os rios estão cheios, o barco sai de
Guajará-Mirim para as comunidades Forte Príncipe da Beira, Quilombola de Santa
Fé, Quilombola de Santo Antônio, Quilombola de Pedras Negras, Porto Rolim,
Fazenda Laranjeiras até o distrito de Pimenteiras. No período de seca, quando
há dificuldades para a navegação, o atendimento se limita aos indígenas das
aldeias de Deolinda, Barranquilha, Sotério, São João, Bom Jesus, Sagarana,
Fazendinha, Pedral, Baía da Coca, Ricardo Franco e Baía das Onças, além do
distrito de Surpresa, que fica entre as aldeias Bom Jesus e Sagarana.
Para a
próxima viagem, que acontecerá de 18 de agosto a 1º de setembro, Alessandra anunciou
a participação de um fonoaudiólogo que fará o exame audiométrico para
diagnóstico dos alunos que apresentam dificuldades para ouvir e interpretar
sons, prejudicando o processo de aprendizagem. A estimativa é atender a mais de
três mil pessoas com procedimentos diversos. Posteriormente será levado um
oftalmologista, considerando que o problema de visão pode também afetar o
índice de desenvolvimento educacional.
A
previsão é que ainda neste ano aconteçam uma viagem no mês de outubro e outra
entre o final de novembro e início de dezembro. “É muito gratificante esse
trabalho. São 15 dias vivendo experiências diferentes e transformando vidas em
localidades distantes das cidades, um trabalho que tem o incentivo direto do
governador Confúcio, como idealizador da unidade fluvial, que ultrapassa
fronteiras atendendo também às comunidades bolivianas isoladas e carentes
assistência”, pontuou Alessandra Costa, que é responsável também pela compra
dos produtos para a alimentação da equipe e chamamento da população para se
dirigir até o barco.