Com presença confirmada de última hora, Temer
desembarcou na Alemanha sem agenda além da participação protocolar na cúpula do
G20
Ao chegar a Hamburgo, na Alemanha, para a cúpula do G20, o presidente
Michel Temer disse nesta sexta-feira que "não existe crise econômica"
no Brasil.
Questionado também se a crise política atrapalha sua participação no
evento, que reúne até o sábado os líderes dos países mais industrializados do
mundo, Temer respondeu que não.
"Pode levantar os dados e você verá que estamos crescendo no
emprego, na indústria e no agronegócio. Lá não tem crise econômica",
reforçou o presidente.
Porém, enquanto o presidente tenta passar normalidade em seu discurso,
dados concretos apontam em outra direção.
Segundo o IBGE, após oito trimestres de queda, a economia brasileira
cresceu 1% no primeiro trimestre deste ano em comparação com o último de 2016,
mas as projeções para o resultado fechado de 2017 voltaram a piorar depois da
intensificação da crise política, com a assinatura da delação premiada da JBS,
como parte da Operação Lava Jato.
Após ser denunciado pela Procuradoria Geral da República, Temer chegou a
cancelar sua vinda a Hamburgo.
Apenas na segunda-feira ele mudou os planos e confirmou sua presença na
reunião do G20.
Temer: "O Brasil está superando uma das mais
graves crises de sua história graças a uma ambiciosa agenda de reformas que
traz de volta o crescimento e o emprego"
Com isso, fará uma passagem rápida pelo G20 e, ao menos até agora, sem
compromissos bilaterais previstos para ocorrer paralelamente ao evento, como é
comum.
O presidente dos EUA, Donald Trump, por exemplo, reuniu-se na
quinta-feira com a chanceler alemã, Angela Merkel, e tem nesta sexta-feira seu
primeiro compromisso bilateral com o presidente russo, Vladimir Putin.
No lado econômico, o Brasil também perdeu no G20 bastante protagonismo
nos últimos anos.
Segundo levantamento da BBC Brasil a partir de dados do FMI, o país
caminha para o terceiro ano com o pior desempenho do PIB entre os países que
integram o grupo.
A expectativa é que, após acumular queda de 7,2% nos últimos dois anos,
a economia brasileira fique estagnada em 2017. Os demais países cresceram em
média 5% na soma de 2015 e 2016 - alta puxada por outras nações emergentes,
como Turquia (9%), Indonésia (10%), China (14%) e Índia (15,3%), embora mesmo
nações desenvolvidas também tenham registrado desempenho bem melhor que o
Brasil no período, como Estados Unidos (4,25%) e Reino Unido (4%).
Economia brasileira deverá crescer menos de 1% em
2017, segundo as próprias projeções do governo
A projeção é que neste ano os países do G20 cresçam, em média, 2,5%.
Temer, no entanto, tem buscado passar otimismo com a economia
brasileira, que vinha mostrando sinais de retomada antes do agravamento da
crise política, em maio.
Nesta manhã, antes do inicio dos trabalhos, ele participou de uma
reunião dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), grupo que
tradicionalmente aproveita a cúpula para realizar um breve encontro paralelo.
Em seu discurso, o presidente voltou a enfatizar a superação da crise.
"O Brasil está superando uma das mais graves crises de sua história graças
a uma ambiciosa agenda de reformas que traz de volta o crescimento e o emprego.
Diante de nossos problemas, escolhemos o caminho mais responsável, que
construímos em constante interlocução com o Congresso Nacional e o conjunto da
sociedade", disse.
Acompanhando o presidente na cúpula, o ministro da Fazenda, Henrique
Meirelles, reconheceu que "existe uma certa diminuição do nível de confiança
(na economia)" devido à crise política, mas que "o mercado tem
mantido relativa estabilidade" e "a economia está indo bem".